segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Da série: Histórias pra se contar - VI



No chão, os ladrilhos pretos e brancos intercalados, lustrosos, reluzem as cores refletidas pelo globo: azul, amarelo, rosa.
A banda, ao fundo do salão, toca mais uma simples e romântica música para aquela platéia atenta, sim, mas não aos tais aspirantes à Billboard. Ou simplesmente a mais um programa de auditório, depende do ponto de vista.
Casais povoam o espaço com passinhos tímidos, olhares nos olhos, palavras no ouvido, mãos entrelaçadas, amores correspondidos... ou não.
Risinhos abafados das meninas sem par nem podem ser ouvidos, apenas vistos, e apenas por aqueles que também não estão dançando, como os tais risinhos.
Mesinhas encostadas às paredes para que a pista fique maior e mais proveitosa para mais essa noite são preenchidas, em sua maioria, por pertences quase que completamente esquecidos pelo não-sei-o-quê inebriante de lá. Às vezes podemos ver pessoas sentadas. Mas são raras as que realmente estão lá, isso também é fato dizer.
Nesta história não tem história em especial para se contar.
Todas são.
Todas tem um começo lindo, harmonioso, apaixonante, dançante...
Às vezes não tem nada disso no começo, mas tem no meio.... no fim... ou no fim das contas, não tem nada disso. Nunca.
Porque, sim, também existem histórias que na verdade não tiveram nada para se contar...
E nem por isso deixam de ser histórias.
São apenas histórias em branco.
Esperando, ansiosamente (ou não, é claro, sempre existem os do contra, mesmo que no fundo, não o sejam) para serem preenchidas com alguma nota musical dessa melodia gostosa que a banda toca, ao fundo do salão, para os casais, os risinhos, as luzes e os ladrilhos.

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