segunda-feira, 29 de junho de 2009

Da série: Histórias pra se contar - V



Ele precisava dela.
Ela ainda não tinha se dado conta de que não ia conseguir viver sem ele.
Os dois quase não se viam, quase não se falavam, quase nem se olhavam.
Sorriam, quando se viam.
E aquilo era assim, foi assim.
Sorrisos, olhares, tudo muito pouco. Tudo muito raso.
Foram se aproximando, com o passar do tempo.
E quanto tempo.
Segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses.
Anos.
Mas se aproximaram.
E quando se aproximaram mesmo, ela já não tinha mais aquele brilho no olhar. E ele, já não sabia o que queria de sua vida.
Era um encontro. Um encontro de dois perdidos.
Eles não conseguiram se olhar. Eles não conseguiram sorrir.
E acharam que seria melhor não tentar.
E esse amor guardado foi de novo trancafiado no fundo de algum baú que eles podem chamar de coração.
Foram para suas casas.
E choraram.
E o olhar, com as lágrimas, ganhou o brilho.
E a vida, com o choro, percebeu do que precisava.
E eles choraram, e viveram mais um tempo um sem o outro.
Segundos, minutos, horas.
Um dia.
E eles se olharam.
Os olhos brilharam.
A vida fez sentido.
E eles perceberam que não precisavam falar.
Não era preciso falar que eles estavam apaixonados.
Aliás, nem dava pra fazer isso mesmo....

domingo, 28 de junho de 2009

O (des)enrolar

Pois é.
Eu sabia que ia ser assim.
Ou talvez não soubesse que ia ser tão assim.
Não me espanto de ter isso.
Apenas me espanto a intensidade de tudo isso.
Está cada vez pior.
Está cada dia mais difícil fingir que está tudo bem.
Principalmente pra mim.
Não tá dando mais controlar tudo com tylenol, aspirina, doril, cataflam, e pomadas.
E eu estou começando a entregar o jogo. E a entregar meus pontos.
Não tá dando.
E eu não posso demonstrar isso pra ninguém.
Só que vovó, bonitinha como só ela pode ser, já me disse que estou mancando. E já me disse duas vezes que enquanto eu durmo, parece que eu estou chorando.
Imagino como é que já está tudo se até ela percebeu.
Já está tão visível?
Porque se estiver.... ah....

sábado, 27 de junho de 2009

Dúvidas cruéis

Faço a prova da Fisk, a da Cultura, ou me inscrevo pra esses projetos malucos que eu tenho?
Oh God.... What am I supposed to do??

Sei que já postei esse video aqui, mas.... ah... é tão esses momentos de dúvida!

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Muitos acontecimentos

Peça adiou. Sim, até a gripe suína entrou na minha onda de acontecimentos.
Só espero que o menino esteja bem.

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Michael Jackson morreu.
O Rei do Pop.
Ou aquele que tinha uma identidade um tanto estranha.
E como disse o Zeca Camargo, segundo "todos" que falaram sobre isso: "ele vai fazer falta".




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Férias começaram e já dão seus sinais de que serão dias difíceis, longos, cansativos, e etc e tal.

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Queria ir no baile Valda mas tenho a leve impressão que não vai rolar.
Sem grana. Sem roupa boa o suficiente. E sem idade o suficiente pra entrar num baile desses.

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Preciso me postular e assumir logo um cargo de liderança.
E o medo?
E a incerteza do meu futuro.... das minhas responsabilidades... da minha família?

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Estágio cancelado.
Por mim.
E agora lá vou eu procurar outro...
Oportunidades boas são raras. E não devemos deixar escapar.
Fui uma boba, eu sei. Mas não pude aceitar algo que eu não sabia se ia conseguir fazer.

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Querem mais?

terça-feira, 23 de junho de 2009

Contagem regressiva - II

*Me sentindo o coelho da Alice*

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Contagem regressiva

Falta pouco muito pouco...
E já acaba o semestre.
Um semestre que já tem alguns desfechos conhecidos e bem aceitos, graças a deus!
Agora é ver o resultado final na quinta feira... ou até quinta... =P

domingo, 21 de junho de 2009

Dia de Estreia

E depois da reforma ortográfica, tivemos a ESTREIA (sem o acento) hoje da peça.
Aquela correria, aquele friozinho na barriga, aquelas voltinhas do estômago, aqueles arrepios, as mãos geladas, o coração acelerado, a corda vocal aquecendo, as mãos relaxando, a gente se abraçando, a gente se encorajando, merda!
E Assim entramos no palco.
E a peça fluiu. E foi boa.
Erros? Será que o público achou algum?
Temos a grande vantagem de que o público não tem o roteiro na mão pra ver tudo bonitinho.
E é uma sorte tremenda!
Mas tirando qualquer percalço que possa ter ocorrido, passamos bem, e fizemos o que tínhamos que fazer: Nos divertimos!
Aquela mesma diversão gostosa que a gente compartilha, que a gente se sente, que a gente se dá e recebe.
O festival?
Um mero detalhe.
Mas o detalhe que proporciona a esse grupo maravilhoso que a gente faz parte poder mostrar que a gente se diverte, se doa, e consegue mostrar um espetáculo bonito e gostoso de se ver.
A quem foi, espero que tenha gostado.
A quem não foi, reapresentaremos, no dia 27 às 13 horas lá na cultura inglesa de pinheiros de novo.
Ficaremos honrados se nossa platéia contar com sua presença.
E esperamos que se divirtam.
Pq a gente... ah isso a gente garante que vai se divertir! =D

segunda-feira, 15 de junho de 2009

domingo, 14 de junho de 2009

Trouble

Oh-oh... I think I'm in trouble...

sábado, 13 de junho de 2009

Dia de Santo Antonio



ORAÇÃO A SANTO ANTÔNIO

Santo Antônio! Santo Antônio!
Meu santinho tão querido,
Quero pedir, em segredo,
Que me arranje um marido.

Não é pra já... nada disso!
Que eu ainda sou criança,
Não posso ter compromisso,
Mas posso ter esperança...
Que vá o tempo passando,
Vá o senhor me arranjando...

Em todo o caso, a meu ver,
Já que o tempo é tanto assim,
Há tempo para escolher
Um bom marido pra mim.

Eu quero um moço fagueiro
Alto, bonito, valente,
Que ganhe muito dinheiro
E me dê muito presente.

Que seja rapaz direito
E não tolo atrevido,
Pois seja assim com o jeito
Do papaizinho querido.

Não é pra já, não senhor!
Mas... seja lá como for,
Mais dia ou menos dia,
Não quero é ficar pra tia!


E depois de ler a oração de Santo Antonio aí de cima, lá vou eu fazer uma das simpatias que achei por aí nas internets da vida...
Inté, que amanhã eu quero é comprar bolo de Santo Antonio pra ver se vem com medalhinha!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

O dia dos Namorados

É eu sei que é uma data comercial.
Mas é aquela data que eu sempre passo comendo chocolates, ouvindo músicas românticas-melosas-etc, só pra me lembrar que mais uma vez estou sozinha no dia dos namorados.
Pois é, e nesse ano, tem uma diferença.
Eu não estou apaixonada por ninguém.
Meu coração tá mais vazio que meu bolso, por incrível que pareça.
Daí a gente lembra daqueles filmes românticos-melosos que passam no dia dos namorados que fala sobre uma mocinha que conhece um mocinho e depois de um tempo eles percebem que são feitos um pro outro.
Yeah, eu não acredito muito nisso não.
Só que sempre fico pensando em como seria bom ter isso, um alguém pra celebrar o dia dos namorados junto comigo. Mesmo que não seja o meu príncipe encantado ou alguém que vai se casar comigo.
Só queria ter alguém no dia dos namorados pra poder ligar e dizer: 'Oi, bora um cinema-janta-esticadinha?' e poder saber como é fazer isso com uma companhia que não é apenas um amigo.
E apesar de achar que só vou ter um relacionamento com alguém quando eu tiver alguém em meu coração, eu diria que na situação atual... Já tanto faz...
É triste reconhecer isso. Mas é necessário.
É o primeiro passo para reconhecer mais coisas.
Só que hoje eu só quero mesmo os chocolates e poucas músicas melosas.
Preciso estudar Keynes e Marx.
(E que, coincidentemente foram, respectivamente, o mais mulherengo e o mais eternamente apaixonado, dos gênios economistas.)
Yeah, hoje, anything goes...

quinta-feira, 11 de junho de 2009

Emprego

Pois é, galerinha, acreditem ou não, eu fui aprovada!
Nem preciso escrever o quanto eu fiquei feliz quando a moça me ligou e me falou que eu havia sido aprovada pro estágio.
O problema está (e sempre está) naquela velha história (que quem me conhece desde a época que eu dava aula sabe qual é).
Só que a vida não anda fácil pra mim, e vai ser importante passar menos tempo em casa, principalmente em horários de refeições.
Vai ser importante ter que me focar em determinadas coisas para esquecer o que se passa nesse meu lar.
Preciso também saber em que área eu quero trabalhar dentro da minha carreira, acho isso extremamente importante, afinal, economia não é lá uma área que se possa dizer como "focada", embora todos achem que quem faz economia quer mercado financeiro.
Pois é... é exatamente o que eu não quero pra minha vida.
Vou começar esse estágio, meu primeiro emprego com carteira assinada, pra aprender e pra conhecer essa parte da minha carreira que eu ainda não conheço.
E estou adorando essa oportunidade! =D

quarta-feira, 10 de junho de 2009

As Havaianas cinza

Pois bem.... tive que usar salto.
Os temíveis, abomináveis e desumanos saltos.
Hoje, e se tudo der certo, daqui em diante, eles estarão presentes.
Só que eu não aguentei.
Não aguentei andar pelas calçadas esburacadas de São Paulo de saltos (e não imaginem que eram muito altos e/ou muito finos. Eles eram altos... mas finos não eram não, afinal, eram meus sapatos de dança).
Eu simplesmente, depois da reunião que tive depois da entrevista (foi na entrevista que eu precisei usá-los), parei no primeiro mercado do meio do caminho e comprei um par de havaianas.
Não pensem vocês que fiaz muita cerimônia em tirá-los dos meus pés e calçar as confortáveis e inigualáveis havaianas. Nem parecia que eu pisava em algo duro como o chão.
Eu voltei pra casa assim, então... De camisa e calça social, uma blusa bonita de linha que é chique o suficiente para a ocasião, meia-calça preta e... havaianas.
E comprei cinza porque achei menos chamativa. =P



Ah, vai dizer que não é bonitinha? E parece que caiu do céu!

terça-feira, 9 de junho de 2009

Seção Seminovos



Preciso falar que achei o máximo?
=P

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Smiths em momento críticos



Tinha me esquecido de como ouvir Smiths em momentos complicado era de certo modo bom.
Gosto particularmente dessa.

domingo, 7 de junho de 2009

Um dia de quermesse , triste

Hoje começou a "Festa do Padroeiro" da paróquia que eu costumava frequentar, e festa que eu por alguns anos ajudava um pouquinho quando dava.
Era uma festa bonita, que tinha muitas e muitas barraquinhas, que a comunidade ajudava e se empenhava em fazer tudo bonito e da melhor forma pra festa sair nos conformes.
Vinha gente de tudo quanto era idade e a rua ficava fechada pra festa, ou mehlor, um quarteirão ficava fechado só pra festa. Tinha espaço pra ficar sentado pra comer macarrão, fogazza, caldo verde, churrasco, tapioca, e as crianças podiam ir na famosa pescaria e também se divertir um pouquinho na piscina de bolinhas e pula-pula.
E por mais que estivesse cheia, lá na rua, ninguém normalmente se sentia sufocado.
As músicas não foram nunca um forte, mas em alguns momentos em que tinham as músicas tradicionais de festa junina, na maioria das vezes, faziam a gente rir quando cantávamos "capelinha de melão" e a música da noiva danada que fugiu com um e deixou o outro no altar esperando.
Eu conhecia quase todos que trabalhavam por lá e sempre que eles precisavam de alguma coisa e me viam passando, eu já ia ajudar.
Mas infelizmente, devido a alguns percalços bem chatos, essa Festa bonita que eu descrevi mudou muito.
E hoje, quando eu fui lá de novo, fiquei extremamente decepcionada com o que eu vi.
Vi uma festa hiper lotada, cheia de pessoas que nunca vi frequentarem essa festa.
Vi jovens se embebedarem com as bebidas que traziam já antes de chegarem à festa.
Vi gente mal educada, que me empurrou, que gritou no meu ouvido e que não respeitou algumas pessoas que deveriam ser respeitadas (vi alguns idosos e uma moça de cadeira de rodas que estavam nessa situação).
Vi aquela festa linda que eu conhecia transformada em uma festa de rua que me fez o coração se apertar e uma saudade misturada com tristeza transbordar dele.
E eu, que nunca fui uma pessoa que realmente se envolvia na festa, me senti assim.
Não consigo imaginar como as senhorinhas do bolinho de bacalhau devem estar se sentindo, ou o pessoal que ficava na barraca caipira, ou nas barracas das bebidas.
Não consigo imaginar o sentimento dessas pessoas ao verem no que se transformou aquela festa que era um orgulho da paróquia.
Só sei que me senti muito triste ao ir nessa festa, e sei que infelizmente, não vou poder fazer qualquer coisa para que ela volte ao que era, e que a gente pudesse de novo se divertir como a gente costumava se divertir.
Esta festa de hoje foi uma das festas mais tristes das quais já fui na minha vida.
Uma pena que tenha que ser assim.
Ou melhor, uma pena que tenha que ter sido assim.
Ninguém tinha o direito de estragar aquela festa bonita que a gente tinha.
Mesmo não sendo católico.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Hoje, no Sírio

Hoje vi uma menina que não devia ter mais que 10 anos, e até aí vocês me dizem: "tá, grande coisa...", mas a questão não é bem aí.
Ela não estava passeando na Av. Paulista, andando pelo metrô ou brincando enquanto anda na rua.
Eu a vi em um lugar muito bonito e chique, mas que ainda assim, não deixa de ser um lugar que para mim e para essa menina vai sempre ser a imagem de uma época de tempos difíceis.
Aliás bem mais pra ela do que para mim, já que eu sou só a asompanhante (e acompanhantes sofrem, mas menos do que os acompanhados, obviamente).
O Sírio é um Hospital bonito e chique, e quem dera eu a tivesse encontrado lá no Hall brincando ou acompanhando os pais a alguma visita ou algo assim.
Eu a vi enquanto eu estava na sala de espera da Radioterapia, enquanto papai não era chamado.
E vi nos olhos dela o mesmo sofrimento de quem passa por uma doença séria e a esperança de que se dê certo. Coisa que vejo bastante ao olhar nos olhos dos pacientes que são os "colegas de tratamento" do papai.
E também vi nos olhos dos pais o sofrimento que se tem quando se vê alguém que a gente ama muito passar por um sofrimento tamanho, que são essas doenças relacionadas com o câncer, no nosso caso.
Vi nessa menina sentimentos que tenho em meu coração quando penso em tudo que já aconteceu com minha família e em tudo que já vi pessoas passarem.
Senti como se eu fosse um Dálit (é assim que se escreve?) lá da índia: uma poeira.
Eu não sou capaz de amenizar o sofrimento dela, eu não sou capaaz de curá-la, eu também não sou capaz de tratá-la ou assegurar que sim, tudo irá dar certo.
Vi naquela menina a confirmação de um dos meus argumentos de não querer ter filhos e sua comprovação, eu realmente não quero tê-los.
Não quero passar pelo que os pais dessa menina passaram e estão passando e vão passar.
E apesar de isso soar um tanto egoísta e pessimista, lhes digo, eu não quero sofrer, e não quero ver pessoas que eu amo sofrendo. Já basta o que tenho visto e vivido, não quero mais.
A vida tem sofrimentos demais, e passamos por coisas demasiado pesadas para que aprendamos determinadas lições.
Lições duras demais principalmente para crianças como essa menina, que deveria estar brincando com seus amigos e indo em parquinhos ao invés de ter que ficar todas as manhãs no Sírio fazendo o tratamento que ela faz.
Sei que qualquer pessoa que passa por isso sofre e que já tenho experiência demais nesse assunto.
Só que eu sempre fico assim quando vejo alguém chegando lá pela primeira vez. Seja mais velho ou mais novo. Simplesmente me corta o coração.
Porque ninguém nesse mundo merece sofrer o que essa doença faz sofrer. Muito menos uma menina de quase dez anos que não deveria conhecer o que é sofrer assim com tão pouca idade.
É difícil ter a maturidade pra se entender o sofrimento. E ela é nova demais pra ter que entender isso.
E no fim, todos que passam por isso acabam sendo novos demais também.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Do amor e do ópio do povo ainda com Roberto



Já não é de hoje que venho dito e pensado sobre essa coisa intrigante que temos vivido durante séculos, milênios.
Desde que li Adorno, percebi que vivemos de um jeito cíclico que não é muito bom.
Eu tento sair desse ciclo, eu tento dar atenção às pessoas, eu tento fazer mais do que somente a minha parte.
Precisamos nos doar mais, eu sinto isso, e preciso fazer isso sim.
E é nisso que tenho me empenhado.
Voltei e parei de novo de ir à Igreja, o que de certo modo é um erro.
Preciso me apoiar na religião.
Precisamos de uma religião, é ela que nos dá base pra conseguir seguir nessa vida insana que levamos.
A religião é o ópio do povo, não pelo lado ruim como se pode pensar, mas o ópio sim, como sendo o único momento em que conseguimos nos ver fora desse sistema devastador que vivemos e no qual podemos nos doar. Já perceberam isso?
E já perceberam que o amor sem fronteiras e limites da religião é o maior fascínio que existe dentro de qualquer religião?
Precisamos de amor em última instância.
E precisamos efetivamente amar.
Amem, façam com que o amor que vocês estão semeando, possa se transformar em mais amor dentro de outras pessoas.
E nós vamos perceber que amar é algo mágico, que se multiplica e se transforma em formas lindas como sorrisos, gargalhadas, abraços e beijos e formas de carinho.
Amar, talvez não seja a única solução, mas.... quem sabe não vai ser essa atitude aquela da que mais precisamos e que nos propiciará melhores soluções e melhores resultados?
Semeie o amor, mal com certeza você não fará.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Roberto


Foi nessa música, com a Marília Pêra cantando, no "elas cantam roberto" que eu comecei a chorar e não sei por quanto tempo fiquei nesse estado.
Depois de ouvir essa música, tive de voltar aos afazeres da cozinha, pra ouvir: de longe na tv o Roberto cantar "Emoções", minha mãe reclamar, meu pai passar mal e minha avó falar bobagens.
Chorei chorei e chorei aquele mesmo choro silencioso que às vezes durante poucos segundos inundam meus olhos mas que é obrigado na mesma hora a parar.
Soluços silenciosos, lágrimas que caíram na espuma dos pratos que estavam sendo lavados, a dor que se aprisiona em meu peito pôs, por alguns poucos 5 minutos a mais que o normal, alguma parte do sofrimento que venho carregando comigo há algum tempo.
É um sofrimento constante, é um sofrimento que se acumula, é um sofrimento que às vezes eu não tenho esperança de que possa ter fim. Eu me pergunto se tudo vai continuar assim e não respondo por saber que a resposta não irá me agradar.
Eu continuo com esse sofrimento aqui, e sem o direito de tê-lo. Porque sei que sofro menos e devo entender aqueles que sofrem mais do que eu.
E com isso, me aprisiono nesse mundo e vivo só. E só, assim, faço meus deveres de casa, na cozinha, ajudando a todos no que eu posso ajudar, o que é menos do que eles precisam.
E foi nessa hora, agora há pouco que eu pude me deixar pensar que realmente, eu acho que o mundo se esqueceu de mim. Eu estava só. Eu estou só.
Sozinha, fazendo o serviço de casa e ouvindo Roberto.
Ah, Roberto...Como você pode entender tão bem as mulheres?
Com todas as suas músicas, que nós amamos, e que algumas mulheres cantaram em sua homenagem no Theatro Municipal? Como você conseguiu entender os sentimentos assim?

E como você pôde me entender tão bem quando escreveu essa música?

"Eu vou
Sem saber pra onde
Nem quando vou parar
Não, não deixo marcas no caminho
Pra não saber voltar
Às vezes, sinto que o mundo
Se esqueceu de mim
Não, não sei por quanto tempo ainda
Eu vou viver assim"