sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Da série: Histórias para se contar

Era verão. A noite estava morna e com uma brisa suave que entrava por entre as janelas do salão apenas para dar uma olhadinha antes de se dispersarem por entre os casais que dançavam.
Alguns casais rodavam, outros quase não saíam do mesmo lugar na pista de dança, que era ladeada por mesinhas com toalhas brancas e arranjos de flores amarelas e cor de rosa.
Eu esperava minha amiga parar de rodar com seu novo paquera para não ficar sozinha e ao mesmo tempo segurar vela para os dois. Guardava o lugar em uma mesinha situada bem perto da janela, de onde eu podia ver a pista e sentir a brisa por entre meus cabelos antes do vento se dissipar entre minha amiga e seu par.
Também conseguia ver a noite estrelada que se estendia por entre as cortinas gentilmente enfeitadas com flores amarelas e cor de rosa como as dos arranjos. A lua ainda não estava completamente cheia e nenhuma nuvem acobertava seu mágico luar.
Foi assim, distraída com a brisa, a lua e as flores que eu o vi. Do lado de uma das janelas, ele me observava, ainda debruçado no parapeito.
Depois de alguns segundos, não sei quantos, eu mesma não fui passível de contá-los, a partir de quando eu fitava seu olhar ou a lua, mas só sei que a eternidade e a duração de um trovão pareceram para mim quase que a mesma quantidade de tempo.
Ele veio até a mesa e me convidou para dançar. Aceitei sem nem perceber que já estava dançando. Ele me olhava profundamente nos olhos e sorria um sorriso impossível de se esquecer ou enlouquecer.
Dançamos até minha amiga me carregar pelo braço dizendo o quanto nada de minha herança eu iria ter se ficássemos lá por mais um segundo...
Pedi a ele que nos víssemos no dia seguinte, ali mesmo, enquanto era retirada da festa aos puxões de minha amiga.
Ele simplesmente sorriu mais uma vez e acenou com a cabeça.
Nunca me esquecerei dessa noite, desse baile e desse rapaz.
No dia seguinte ele me apresentou sua namorada.
Foi também nesse dia que conheci aquele que me ganhou com um olhar mais penetrante, um sorriso mais cativante, um dançar mais envolvente, uma relação mais ardente e a confiança que só um homem e uma mulher podem ter entre si.




"Porque nem todo príncipe encantado aparece como o príncipe encantado, porque nem sempre podemos achar que o encontramos na hora apropriada, e porque a fila anda!"

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